Folares para todos os gostos nas feiras de norte a sul

Em tempo de Páscoa não podem faltar os tradicionais folares. Um pouco por todo o país - mas principalmente em Trás-os-Montes e no Algarve - as feiras do folar vão ocupar os fins de semana de 8 e 9, bem como o fim de semana de Páscoa.

Doces e salgados, com várias carnes e enchidos ou ovos cozidos, muitas são as variações do folar da Páscoa (ou bolo finto, no alto Alentejo). Tentar perceber de onde vem a tradição de se comer folar na Páscoa é uma tarefa difícil.

Por um lado, simboliza a fartura depois do período de jejum que é a Quaresma, para quem segue a tradição católica, ou apenas uma forma de partilha e reconciliação, com raízes na celebração do início da época quente. Uma lenda que está associada com o folar é a de Santa Catarina.

Conta o mito que a aldeã Mariana rezava à Santa pedindo-lhe marido. Logo lhe apareceram dois pretendentes: um fidalgo e um lavrador. Indecisa, e depois de algumas peripécias, decidiu-se pelo lavrador. Pouco antes do casamento, teve medo que o fidalgo ciumento atentasse contra a vida do seu noivo e voltou a rezar.

Antes de sair para se casar, no domingo anterior ao domingo de Páscoa (chamado de ramos), tinha um folar de ovos em cima da mesa, tal como o fidalgo e o noivo. Obra de Santa Catarina que simboliza a reconciliação. Normalmente, é no domingo de ramos que os padrinhos oferecem o folar aos afilhados.

Mas o folar estará também ligado à tradição judaica. Nomeadamente, o que tem os ovos cozidos. A presença deste é maior nas regiões onde os judeus e cristãos-novos tiveram mais impacto e está relacionado com a celebração, no início da primavera, do Purim. Na tradição sefardita, este pão chama-se Huevos de Haman ou Foulare, que em ladino, a língua dos judeus ibéricos, significa ‘embrulhado’.

No Purim celebra-se a vitória da rainha Ester e do seu tio Mordecai sobre Haman, que tentou destruir os Judeus do Império Persa, como descrito no «Livro de Ester», do Antigo Testamento. As tradições desta festa passam por dar dinheiro aos desfavorecidos, oferecer prendas em forma de comida, beber álcool e comer o foulare, onde o ovo representa Haman na prisão.

Doce ou salgado, para crentes e não crentes, o folar está aí para aconchegar estômagos neste início de primavera.




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